No dia nacional dos moinhos abertos, mais concretamente no dia 10 de Abril, serra acima, rumo ao início da linha dos moinhos de Vinheiros, fomos carinhosamente recebidos pelo Sr. Alfredo, diríamos que é o “guardião” do Jardim Aromático, e do moinho do Balcão. Dá o seu contributo nesta tarefa a sua irmã, Dª Cândida, que nesse dia andava ajudar os vizinhos numa “malha”. O Sr. Alfredo recebeu-nos com umas saborosas cavacas, um vinho do porto e eu também me deliciei com um pão de padronelo, que o Sr. Alfredo ainda de madrugada foi comprar ao S.Brás….a pé!
Foi uma conversa animada….demos conta que a aldeia Vinheiros de Cima tem apenas 9 habitantes, e fizemos algumas sérias considerações sobre as dificuldades dos tempos de outrora. O Sr. Alfredo, com um sentido paternalista, lá nos foi dando conta, a nós jovens, das dificuldades dos tempos passados e do bem inestimável que hoje os jovens têm, tudo na vida dos jovens de hoje é carregado de facilitismo comparado com os tempos de outrora. Foi uma conversa muito agradável…
E nesta conversa o Sr.Alfredo lá nos deu conta como se faziam as papas de farinha de milho. Apesar do Moinho do Balcão ser mesmo aqui ao lado, a família do Sr.Alfredo moía no moinho das “Escaleiras”. A farinha para as papas, quer-se fina, para isso é preciso “temperar” o moinho…para moer mais fino. Com farinha mais grossa confeccionavam-se os “milhões”!
Ora então, colocavam-se numa panela de ferro à lareira, os feijões a cozer. Os feijões antigamente eram “mistura”. Ou seja, tanto eram brancos, pretos, riscados, e amarelos, daí a mistura. Ao feijão bem cozido, misturavam grelos ou tronchuda, e depois de tudo cozido, acrescentava-se a farinha macia. Nesta receita não faltavam as ervas aromáticas, ora era a hortelã, ora eram os poejos. Antes de servir, juntavam o azeite e misturavam de forma a que o sabor do azeite, perdurasse. Uma delicia!
Cristina Vieira
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